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Exclusiva com Débora Garofalo, finalista do Global Teacher Prize 2019, o "Nobel da Educação"



A professora brasileira Débora Garofalo chegou onde poucos chegaram. Ela foi indicada a um dos principais prêmios educacionais do mundo, ficando como finalista dentre os Top 10 Global Teacher Prize 2019 - concedido pela Varkey Foundation e considerado o Nobel da Educação - concorrendo com docentes igualmente de peso, indicados pelo mundo afora. E venceu a Aprendizagem Criativa Brasil, premiação que conta com o apoio da  Fundação Lemann e do MIT Media Lab.

Suas formações em Letras e Pedagogia levaram-na à docência, mas sua paixão pela arte de lecionar (e convenhamos, um bocado de criatividade e ousadia para inovar) abriram o caminho para que ela chegasse ao topo do reconhecimento.

Mesmo não tendo ganho o prêmio máximo, que pertence ao professor queniano Peter Tabichi (1), a indicação e o reconhecimento em si trouxeram-lhe novas trilhas. Veja, a seguir, a entrevista EXCLUSIVA que a professora Garofalo concedeu à newsletter Educação em Perspectiva:


A indicação ao prêmio Global Teacher Prize, a partir do Projeto de Robótica com Sucata promovendo a Sustentabilidade, é um enorme reconhecimento. O que você destaca em sua formação que tenha contribuído a levá-la a este momento?

Acredito que o que me levou a este momento é um conjunto de vários fatores, mas principalmente o trabalho em si, com robótica, que permitiu um olhar sobre o aluno e a possibilidade de transformar de fato a sua vida.


O que você entende que colaborou de forma prática e concreta com este reconhecimento a partir de sua trajetória, independentemente de sua formação? (Sua personalidade? Características pessoais?)

Eu sempre fui uma pessoa bem quieta! Queria trabalhar de fato com os alunos as tendências digitais, pois entendi que esta era uma questão importante para este momento,, em pleno século 21. Acho que isso contribuiu, né? Ter este olhar não só de uma profissional com formação em tecnologias, mas principalmente como profissional com olhar pedagógico, formada em Letras e Pedagogia, que pudesse dar este suporte necessário aos estudantes.


Que olhares das aulas ministradas ao longo destes 14 anos na rede pública de São Paulo você costuma ressaltar em suas palestras?

Eu sempre costumo enfatizar que as pessoas são o centro do processo de aprendizagem. Não podemos nos esquecer, em nenhum momento, que nós lidamos com seres humanos e é com eles que temos a responsabilidade e a missão de transformar as vidas. E a educação é uma propulsora disso. É uma propulsora para que, de fato, a aprendizagem ocorra de forma significativa, mas principalmente de forma transformadora.


Quer cursos, gratuitos ou não, você entende que a ajudaram a complementar sua formação com professora de Informática Educativa e nas demais disciplinas ministradas anteriormente?

Tive a oportunidade de trabalhar em indústria, o que me ajudou a ter este olhar para a tecnologia. Na sequência, um olhar autodidata, de realmente me colocar na situação de que, como professora, eu também sou aprendente. Comecei a buscar, em minha própria rede as formações e a trocar experiências com os próprios colegas de trabalho, para que eu pudesse atuar de forma mais eficiente em sala de aula.


Que diferenciais você recomendaria aos docentes, que se inspiram em você, buscarem alcançar?

Acredito que meu diferencial é o de buscar uma formação continuada, que realmente vá ao encontros das necessidades dos estudantes que nasceram nesta era digital e estão conectados a este mundo. É fundamental o professor ter, hoje, este olhar e a capacidade de transpor a tecnologia para dentro da sala de aula, na busca de realmente alavancar a aprendizagem e torná-la em experiências e vivências significativas aos estudantes.


O que faria com um prêmio de 1 milhão de dólares, que é o valor do Global Teacher Prize dado anualmente?

Se eu ganhasse, ele seria utilizado em prol deste trabalho, dessa extensão, com a implantação de laboratórios digitais espalhados pelo Brasil e principalmente em áreas de comunidade carente, que é onde - de fato - as políticas públicas precisam chegar e fazer diferença!


Qual o maior aprendizado neste longo processo, antes e depois da indicação ao Prêmio?

O maior aprendizado é poder, realmente, dar voz a este professor. Temos professores de excelência no Brasil, que precisam ter este olhar com o cuidado das políticas públicas e precisam aprender a participar delas para que realmente tenham suas práticas inseridas para a transformação da educação.


(1) Tabichi doa 80% de seu salário para apoiar os alunos na aldeia de Pwani. A população escolar desta região, na área rural do Quênia, é composta de sete tribos diferentes, com cerca de 95% dos estudantes vivendo na pobreza e um terço vivendo com apenas um dos progenitores.

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