4 princípios para ambientes criativos: 1–4 fluxos de comunicação
Atualizado: 28 de dez. de 2018
por Fábio Josgrilberg

Todo ambiente criativo ganha vida a partir das relações que as pessoas estabelecem entre si e com o espaço. Sendo assim, destaco quatro dimensões fundamentais para nutrir a criatividade humana: fluxos, espaços, tempo e método.
Se as pessoas estão no centro de qualquer ambiente criativo, a primeira pergunta a se fazer é: o que é uma pessoa?! Parece óbvio, mas não é. Em tempo de extremismos políticos patéticos e covardes, esta pergunta se torna ainda mais relevante. É preciso entender que as pessoas estão cheias de sonhos, medos, preocupações, motivações e todos os demais sentimentos que fazem parte da experiência humana. Além disso, mais uma obviedade, elas estão no espaço com outros indivíduos! Aos egocêntricos, vaidosos e centralizadores, não adianta reclamar… estamos no mundo com os outros. A convivência não é uma opção, mas uma premissa.
Aceito o fato de uma vida em comum com as suas alegrias e incertezas, torna-se evidente que os fluxos de comunicação estabelecidos entre as pessoas são fundamentais. Algumas questões-chave:
* há liberdade para se propor ideias?há humildade para ouvir ideias? * há liberdade para oferecer feedback? * há humildade para receber feedback? * há transparência de intenções e objetivos? * há confiança para o desenvolvimento colaborativo de ideias?
Liberdade, humildade, transparência e confiança, quarteto da pesada, não?
No fundo, o ambiente criativo depende de uma ética, ou seja, valores e costumes que fundam os processos comunicacionais, que orientam os seus fluxos. É preciso ter liberdade para propor uma ideia, qualquer que seja ela, sem o risco de punição, ridicularização ou preconceitos. Sabe aquela ladainha do fulano propôs tal coisa "para aparecer”, “para puxar o saco”, “para me destruir” e por aí vai. Daí a importância da confiança no processo.
Há que se ter humildade para ouvir uma ideia, uma escuta ativa que busque colaborar para que a proposta do outro melhore. Humildade não é sinal de fraqueza, mas de reconhecimento de seus próprios limites e de dependência existencial do outro. É preciso muita coragem para ser humilde.
Da mesma forma, quem propõe uma ideia precisa ser humilde para receber feedback sem complexo de perseguição. Se, por um lado, pessoas bem-intencionadas não sabem dar feedback sem agredir ou constranger o seu interlocutor, por outro muitos são incapazes de receber uma sugestão sem reagir violentamente. De novo, a questão está na confiança que se tem nesse processo comunicacional.
E, finalmente, a transparência. Todos precisam ter clareza dos objetivos e premissas éticas de um processo criativo. Sem transparência não haverá confiança, sem confiança a liberdade fundamental a toda criação estará posta em jogo. Nessas condições, não há humildade que sustente as relações humanas.
Fabio B. Josgrilberg, PhD,
Pesquisador da Universidade Metodista de São Paulo
(Com informações do G1, 04/12/2018)